7. OFÍCIO DE PASTOR

06/03/2010 13:49

DISTINTIVOS DOS BATISTAS REGULARES

7ª LIÇÃO: OFÍCIO DE PASTOR

TEXTO-BASE: I TIMÓTEO 3.1-13

INTRODUÇÃO

Se a igreja deseja realizar a sua missão de proclamar o evangelho e orar por todos, ela precisa ser governada devidamente e saber o verdadeiro motivo da sua existência. Há dois tipos de oficiais para administrar a igreja: bispos e diáconos. E a ambos, o Apóstolo Paulo delineia as qualificações para eles.

O Apóstolo Paulo passou de forma sutil do assunto do culto público do capítulo anterior para as qualificações requeridas daqueles que são detentores de oficialato na igreja. Ele mostra uma íntima relação entre o culto público e qualificação do oficial adorador. Neste texto, Paulo demonstra que os bispos e os diáconos devem ser espiritual e moralmente capazes para execução de suas tarefas eclesiásticas em nome do Senhor Jesus Cristo.

OS ATRIBUTOS PASTORAIS

 Deteremos a nossa análise no primeiro momento ao ofício episcopal e as suas qualificações.

O texto de Timóteo 3.1 começa com a expressão “Fiel é a Palavra”. Esta frase é a Segunda das cinco “confissões fiéis”, em Timóteo, para apresentar citações, especialmente, as declarações bem conhecidas do povo. Ela foi tomada por empréstimo de uma expressão helenista: “O dizer é firme”.

Em seguida, o Apóstolo afirma o seguinte: “Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja”. O autor bíblico exemplifica as virtudes necessárias do bispo, mostrando-se ansioso para que os supervisores cristãos tivessem exatamente as qualificações desejadas. É um grande privilégio para um cristão autêntico desejar o ministério pastoral, mas também é uma grande responsabilidade moral e espiritual.

“Aspira”, no grego original é “Orego”, que significa “Esticar-se, estender a mão”, ou seja, metaforicamente, “Aspirar”, “desejar com intensidade”. É um desejo nobre, de objetivos nobres de conquistar, as qualificações necessárias ao episcopado.

“Episcopado” No grego é “Episkope”, que significa “Vista”, mas, no contexto, está em foco a “posição de liderança” ou “Ofício de um supervisor”.  Podemos tirar a seguinte dedução do termo episcopado é que o bispo tem que ser uma pessoa de visão e que saiba administrar as coisas eclesiásticas com eficiência, um bom bispo é um bom administrador da casa de Deus.

“Excelente” No grego é “Kalos”, que significa “Bom”, “Excelente”, “Nobre”. Era também usado como “Livre de defeitos”, “Precioso”. A lição que podemos aprender deste termo é que o episcopado deve ser procurado e desejado pelos os homens mais espirituais, porque uma igreja administrada por homens com desejos gananciosos é fadada a ruína e a perdição. E a igreja deve ter o cuidado para não colocar na sua liderança homens que não tenham um caráter de excelência espiritual.

“Almeja” Na língua grega é “Epithumeo”, que significa “desejar com intensidade”, “anelar por”. Esta palavra pode ser usada tanto no sentido de um desejo bom ou como um desejo mal. O aprendizado que é exarado do termo “Epithumeo” é que o bispo deve ter firme convicção do que ele quer e o que é requerido dele como um oficial importante da igreja.

No Novo Testamento, era estranha a prática comum cotidiana de alguém se auto-intitular pastor. De conformidade com as Escrituras, era a igreja que detinha o poder de investir alguém ao pastorado. Isso era observado na igreja primitiva, onde o candidato ao episcopado era avaliado em suas qualificações espirituais e depois oficializado como pastor. Como podemos notar, tornar-se pastor não é simples e rápido. Aliás, a Bíblia até proíbe que seja assim quando Paulo diz a Timóteo: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (I Tm 5.22).

Os versículos de Timóteo 3.2-7 apresentam as qualificações do ofício pastoral. Todas estas qualificações, exceto duas (apto para ensinar e não neófito) são aplicáveis a todos os crentes de forma geral, mas o pastor de maneira inequívoca deve expressá-las com toda intensidade do seu viver, porque ele deve ser um padrão de vida cristã para os fieis.

“É necessário, portanto, que o bispo”. Nesta seção os oficiais do sexo masculino são chamados bispos (“Superintendentes”) (Grego Episkopoi). Em uma sociedade feminina, onde a igreja está aceitando progressivamente a idéia de ordenação de mulheres ao ministério. Devemos perguntar o que a Bíblia diz sobre o assunto.

Alguns afirmam que as mulheres exerceram na igreja primitiva as mesmas funções masculinas e que não há nenhuma diferença eclesiástica entre um homem e uma mulher, e que todos os dois podem exercer o pastorado sem problema nenhum.

Augustus N. Lopes fez o seguinte questionamento: “Se as mulheres exerceram os mesmos ministérios que os homens no período da igreja apostólica, porque não há nenhuma menção no Novo Testamento de apóstolas, presbíteras, pastoras ou bispas? Por que não há qualquer recomendação de Paulo quanto à ordenação de mulheres, quando instrui Timóteo e Tito quanto à ordenação de presbíteros? Basta uma lida superficial em 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9 para se ter a impressão de que ele não tinha em mente a ordenação de mulheres: o oficial deve ser marido de uma só mulher, deve governar bem a sua casa e os seus filhos.

O ofício de bispo é uma obra (3:1): "bispo" não é um mero título de honra, mas é uma obra de muita responsabilidade espiritual (note as fortes advertências de Paulo em Atos 20:28-32). Esta obra deve ser feita somente por homens preparados e qualificados pela palavra de Deus!

O ensino paulino torna evidente que o candidato ao episcopado deve ter um bom testemunho diante dos membros da igreja e também os que não são da igreja.

A primeira qualificação do bispo que encabeça a lista das outras é que ele tem que ser irrepreensível. No grego é “Anepilemtos”, que significa literalmente “não tirar proveito de”, daí “irrepreensível” ou “inexpugnável”. O líder cristão tem de ser um homem contra o qual não se possa fazer qualquer crítica. O termo grego é empregado em relação a uma posição que não está exposta a ataque, ou seja, não deve apresentar nenhum defeito óbvio de caráter ou de conduta, na sua vida passada ou presente que os maliciosos, seja dentro, seja fora da igreja, possam explorar para desacreditá-lo.

Os líderes não podem estar acima das limitações do próprio caráter. Liderar é ter o caráter que inspira confiança. O Bispo deve ser uma pessoa plenamente confiável em seu proceder.

A Segunda qualidade exigida do Bispo é que seja marido de uma só mulher. Alguns intérpretes sugerem: 1. O Pastor não pode ser polígamo; 2. Não pode se casar de novo se a esposa falecer; 3. Deve ser fiel a uma só mulher; 4. Não pode ser solteiro; 5. Não pode casar-se, pois a igreja seria a Esposa, e isto exige o celibato pastoral. As interpretações 1 e 3 são as que se fundamentam na Bíblia. Todavia, no contexto podemos ter a certeza de que significa que ele é um marido fiel que mantém os seus votos conjugais e santidade do lar cristão.

Um homem solteiro, de grande piedade, não deve ser barrado de ocupar qualquer ofício eclesiástico, porque o texto bíblico não afirma que o pastor deve ser casado, mas se é casado deve ser fiel apenas a uma mulher.

A terceira qualidade pastoral é que o Bispo deve ser temperante. No grego é “nephalios”, que significa “temperado”, especialmente no uso do vinho... Este termo pode significar “ajuizado”. Nephalios significa também “alerta” e “vigilante”.

Assim, a ênfase da passagem é o que líder não deve permitir-se qualquer pecado que estrague o seu testemunho cristão.

Outra qualidade é que o pastor deve ser sóbrio. Sóbrio é a tradução de “Sophron”, vocábulo que quer dizer “prudente”, “previdente”, “autocontrolado”. A palavra inclui a idéia de ter uma mente sã, ser discreto, casto e ter domínio sobre os desejos sexuais. Uma das maiores vitória de um pastor é a conquista de si. Não se pode dizer que um pastor sem firmeza de caráter pertença a si mesmo, ele pertence a qualquer outra coisa que quer cativá-lo.

A quinta qualidade do Bispo é que ele deve modesto. No grego é “Kosmos”, que significa “digno”, “bem-comportado”, “sereno”. O “Kosmos” é a beleza organizada da criação.

Deste modo, um líder espiritual, sobretudo o pastor, deve ser autocontrolado, ordeiro, dono de boa conduta e de boa reputação. A paixão do pastor deve estar sob controle e exteriormente ele deve ser reconhecidamente belo. 

A Sexta qualidade do pastor é que ele deve ser hospitaleiro. A palavra “philoxeno” contém a idéia de alguém que mantém um coração aberto e uma casa aberta. O Bispo é amigo dos forasteiros e compartilha das necessidades deles.

Podemos afirmar, pois, que nenhum homem que seja líder espiritual numa congregação local cristã, ou tenha alguma função importante na mesma, como o pastorado, não pode deixar de ser um indivíduo de tendências generosas.

A Sétima qualidade é que o Bispo deve ser apto para ensinar. Estas palavras traduzem um único termo grego, “Didaktikos”. O líder cristão deve ter aptidão para ensinar diz o Apóstolo Paulo.

O Pastor deve ter o compromisso de ensinar a palavra de Deus com afinco e eficiência, porque um bom pastor sempre será um bom educador. Ele deve esmerar-se em aprender para que ele possa ser um excelente educador cristão e um excelente pastor.

O pastor deve ser capaz de compartilhar a Bíblia e suas doutrinas para transmitir uma mensagem de urgência e entusiasmo aos outros. Se o pastor não é capaz de transmitir uma mensagem com clareza e motivar os outros agir de acordo com a Palavra de Deus, então nem mesmo importar ter uma mensagem.

A próxima qualidade é que o pastor não deve ser dado ao vinho. O termo grego é “Paroino”. O Apóstolo Paulo exorta em favor da moderação. Mas a total abstinência é a conduta ideal para o ministro do evangelho, pois isto evitará críticas, tentações e suspeitas.

A oitava é que o Bispo não deve ser violento. No grego é “Plektes”, que indica um indivíduo “pugnaz”, “briguento”. Literalmente, Paulo diz: “Não espancador”. Ele está pensando num homem que está sempre com os punhos preparados para espancar.

A nona é que o pastor deve cordato. No grego é “Epieikes”, que significa “gentil”, ‘bondoso”, “pronto a ceder”, “dotado de espírito tolerante”. Agindo desta maneira o bispo estará imitando o próprio Jesus, que é o modelo supremo de bondade e tolerância. O pastor deve ter como padrão comportamental a vida de Jesus Cristo.

A décima qualificação pastoral é que o bispo seja inimigo de contendas. No grego temos apenas uma palavra “Amachon”, que significa “pacifico”. O bispo deve saber como atingir os fins através meios tranqüilos, em vez de violentar as pessoas.

O pastor deve ser um pacificador, um homem que promove a paz, um divulgador da tranqüilidade espiritual, ele tem Jesus como o seu modelo de pacificador. E tem como princípio de vida: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.”

Outra qualidade do bispo é que ele não deve ser avarento. Não avarento, no grego é “aphilarguros”, significa “amante do dinheiro”.

Em meio a uma sociedade de consumo este preceito é um desafio muito grande para o pastor. Nossos olhos vêem tantas coisas! Nosso coração logo as deseja e nossa mente sai em busca de argumentos que justifiquem sua necessidade.

O pastor não deve ser cobiçoso de lucro escuso e nem amante do dinheiro. Ele tem de estar liberto de tudo isto. Ele não avalia o seu trabalho ministerial em função do lucro material e nem da autopromoção.

A próxima qualidade pastoral é que o presbitério governe bem a sua casa. No grego é “Proistemi”, que significa “ser o cabeça”, “conduzir”.

Ele deve governar de modo que os seus filhos estejam sob disciplina do Senhor. Ele deve manter os seus filhos submissos.

O lar do presbitério lhe oferece um campo para os exercícios de seus deveres de liderança na igreja. A boa liderança na sua própria família revela-se no respeito dos filhos. Em casa o líder não pode usar máscara, ele tem que ser autêntico, porque a liderança familiar refletirá com toda a certa na administração eclesiástica. Um homem que não sabe governar a sua casa não pode ser um bom pastor, porque a sua administração eclesiástica será o reflexo de sua casa.

O pastor José Infante Júnior disse o seguinte em relação à vida familiar do Bispo: “Se existe um lugar onde as coisas não podem ir mal, certamente o é na casa do Pastor”.

A posterior qualificação é que o pastor não deve ser neófito.  Neófito é tradução do termo grego, que literalmente significa “recém-plantado”, palavra esta que alude a “novos convertidos”.

A expressão “Se ensoberbeça” No grego é “Tuphoo”, que quer dizer “Torna-se insensato”, “Ensoberbecer-se”.

Como toda árvore recém-plantada precisa de tempo antes de poder suportar peso, assim também o discípulo precisa de tempo para criar raízes e estabilidade; caso contrário seu coração vai interpretar a incumbência como promoção e vai ensoberbecer-se por causa disto. E poderá cair na condenação do diabo.

A última qualidade episcopal é que o pastor deve ter um bom testemunho dos de fora. Bom testemunho No grego é “marturia”, que significa testemunho.

O pastor deve dar um bom testemunho para os incrédulos. O Pastor testado e provado por Deus pode evitar a sua queda e  as armadilhas de satanás.

O Bispo tendo uma vida exemplar evitará as acusações humanas e satânicas, e os laços do diabo.

Quanto ao ensinamento geral que devemos evitar que novos convertidos venham a ocupar posições de autoridade.

 

CONCLUSÃO

Compreendemos também que se um homem possuir todas as características bíblicas poderá ser um presbítero, desde que reconhecido pela congregação local, e que qualquer objeção da igreja ao candidato deve ser por causa da falta de um desses atributos, e não por opiniões pessoais. Lembramos também que essas escolhas devem ser feitas com bastante sensatez, sem precipitação, obedecendo 1 Timóteo 5:22: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te torne cúmplice de pecados de outrem. Conserta-te a ti mesmo puro.”

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BÍBLIA vida Nova. Vida Nova e SBB

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INFANTE JR, José. O pastor nestes Tempos Difíceis.

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