6. A SOBERANIA DE CRISTO

21/02/2010 02:22

DISTINTIVOS DOS BATISTAS REGULARES

6ª LIÇÃO: A SOBERANIA DE CRISTO

TEXTO-BASE: I JO 1.1 -2.2

INTRODUÇÃO

Nesta lição, tratemos da soberania de Cristo na igreja. Historicamente, os batistas estão constantemente afirmando que Cristo é a única cabeça da igreja.

O mundo cristão contemporâneo está basicamente divido em dois pontos de vista: O primeiro declara que Jesus transferiu a sua autoridade aos apóstolos numa sucessão ininterrupta, até os dias atuais. A segunda afirma que a igreja está firmada na doutrina dos apóstolos e que Cristo é o única cabeça da igreja.

COMPREENDENDO A SUCESSÃO APOSTÓLICA

 José Miguel Arráiz, em seu artigo Estudando a sucessão apostólica, afirma o seguinte em defesa da sucessão apostólica:

“Quando Cristo veio à terra e edificou a sua Igreja, dentre seus discípulos elegeu doze homens e lhes conferiu autoridade, poder e um ministério a cumprir: pastorear a Igreja. Com a expressão sucessão apostólica se indica, em teologia, que os Apóstolos, conscientes de que não viveriam para sempre e por vontade de Cristo, estavam destinados a possuir sucessores que continuariam o seu ministério, com a mesma autoridade que eles receberam de Cristo”.

A teoria da sucessão apostólica postula que Cristo passou a sua autoridade, poder e ministério aos apóstolos; e os apóstolos a seus sucessores de forma ininterrupta, até os dias atuais.

O sistema de sucessão apostólica está firmado no princípio que Cristo outorgou autoridade aos apóstolos e estes receberam o poder de estabelecer regras a serem observadas pela igreja.

Para defensores deste conceito teológico, a primeira sucessão apostólica está registrada em Atos 1:15-16 onde Pedro declara a vacância do apostolado de Judas Iscariotes e a necessidade de eleger um substituto para este ministério.

Eles também afirmar que os primeiros presbíteros foram nomeados pelos Apóstolos e posteriores foram ordenados por presbíteros previamente consagrados.

Para que uma ordenação seja validade hoje, é necessário que o aspirante seja consagrado por presbíteros consagrados até se chegar de forma ininterrupta até os apóstolos.

Os defensores desta linha de pensamento com base em Mateus 16.8 proclamam que Jesus fundou a Igreja sobre Pedro. Eles afirmam que o versículo acima confirma que Pedro foi o primeiro Papa.

Para eles, a Bíblia e a tradição compravam a primazia de Pedro na igreja. Eles usam os seguintes fatos bíblicos para declara a primazia de Pedro na igreja: “1) preside e dirige a escolha de Matias para o lugar de Judas (Atos 1:1-25); 2) É o primeiro a anunciar o evangelho no dia de Pentecostes (Atos 2: 14); 3) Testemunha, diante do Sinédrio, a mensagem de Cristo (Atos 10: 1); 4) Acolhe na Igreja o primeiro Pagão (Atos 10:1); 5) Fala primeiro no Concílio dos Apóstolos, em Jerusalém, e decide sobre a questão da circuncisão: "Então toda a assembléia silenciou” (Atos 15: 7-12)”.

Eles afirmam que todos os sucessores dos apóstolos confirmam a primazia de Pedro dentro da Igreja. Entre eles estão Tetuliano (“A Igreja foi construída sobre Pedro“), Cipriano (“Sobre um só foi construída a Igreja: Pedro") e Ambrósio (“Onde há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo").  

REFUTANDO A SUCESSÃO APOSTÓLICA

De conformidade com a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, o texto de Mateus 16.18 declara que Pedro é o fundamento da Igreja. Contra esta posição, Champlin elenca os seguintes argumentos:

1.    A doutrina do papo ignora o caráter do símbolo do fundamento, isto é, um fundamento deve ser posto de uma só vez, deve ser permanente, não pode ser renovado nem mudado continuamente, como sucede na sucessão papal;

2.    Esta interpretação confunde primazia de tempo com superioridade permanente de ofício;

3.    Esta interpretação confunde o apostolado, que era um ofício intransferível, válido somente no tempo de Jesus, com o desenvolvimento do episcopado post-apostólico na igreja, que só surgiu depois do tempo dos apóstolos;

4.    Esta interpretação envolve o não reconhecimento do ofício dos outros apóstolos, os quais também receberam os poderes e privilégios que foram dados a Pedro naquela ocasião. Eles também foram fundamentos da Igreja, isto é, formaram o alicerce da igreja (Efésios 2:20);

5.    Esta interpretação contradiz os próprios escritos de Pedro (I Pedro 2:5-6) que são contrários a idéia de um tipo de papado e que jamais podem indicar a existência de tal coisa;

6.    Finalmente, podemos afirmar que estas doutrinas, como a do papado, a extrema primazia de Pedro, só apareceram no dogma posterior da história eclesiástica, e não se alicerçam nas próprias Escrituras, nem qualquer da igreja primitiva. Não havia primazia do bispo de Roma sobre o bispo de Jerusalém, de Cesaréia ou de qualquer outra localidade. A primazia do bispo de Roma foi desenvolvimento muito posterior.

Em nenhum lugar da Bíblia afirma que Pedro tenha sido bispo em Roma. Em nenhuma das suas cartas, Pedro reivindica a primazia do bispado de Roma.

Os escritos de Paulo não dão indicações de que Pedro tenha sido sucessor de Cristo aqui na terra.

Paulo repreendeu Pedro cara a cara (Gálatas 2.11). Se Pedro realmente fosse o primeiro papa, Paulo teria afrontado a autoridade papal.

A COMUNHÃO APOSTÓLICA

A Bíblia declara que o apostolado era composto de doze homens escolhidos por Deus que conviveram com Jesus e foram testemunhas da sua ressurreição (Atos 1:21-22). Cremos que o apostolado cessou de forma completa com morte de João.

Em atos 2:42, afirma que os crentes deveriam estar firmados na doutrina dos apóstolos, na comunhão, na partir do pão e nas orações.

Os cristãos primitivos se mantinham constantes no ensino ou instrução dos apóstolos. Não há dúvida que aqueles recebem e acreditam no ensino dos apóstolos estão em comunhão apostólica (I João 1:1-3).

Em Efésios 2:19-21, o apóstolo Paulo afirma que a nossa fé está fundamentada sobre o testemunho dos apóstolos e profetas. Esta comunhão apostólica é fundamento da nossa mensagem. A nossa mensagem não está alicerçada sobre uma sucessão apostólica, mas sobre a verdade de estamos em comunhão com aquilo que os apóstolos conheciam e pregavam.

PEDRO E AS CHAVES

Creio que o livro de Atos ensina que Pedro teve oportunidade usar as chaves mencionadas em Mateus 16:19.

Em Atos 2:14, 38-42, ele é mensageiro que abriu a porta para os Judeus. Em Atos 8:14-15, ele abriu a porta para os Samaitanos. Em Atos 10:44, ele abriu a porta para os gentios. As portas que Pedro abriu continuam abertas.

O SENHOR, NOSSO CABEÇA

Nós batistas acreditamos que Jesus é a cabeça da Igreja (Efésios 1:22; 4:15, 5:23; Colossenses 1:18, 2:19). Com base nesta verdade, podemos excluir qualquer primazia humana

 À luz da Bíblia, não existe nenhuma indicação que a igreja tenha uma cabeça terrena. O Senhor Jesus Cristo é a cabeça da igreja.

CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos que a teoria da sucessão apostólica e a primazia de Pedro não têm sustentação teológica.

Também aprendemos que a nossa fé está firmada sobre o testemunho dos apóstolos e firmamos que Jesus é a cabeça da igreja

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRÁIZ, José Miguel. Estudando a sucessão Apostólica. Disponível em:  https://www.veritatis.com.br/article/4274. Acesso: 20 de fevereiro de 2010.

A IGREJA Católica é a igreja de Cristo. Lepanto Frente Universitária & Estudantil. Disponível em: https://www.lepanto.com.br/dados/ApIgreja.html. Acesso: 20 de fevereiro de 2010.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Volume I. Milenium. São Paulo, 1987.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Atos a Apocalipse. CPAD, Rio de Janeiro, 2008.

STOWELL, Joseph M. Doutrinas Distintivas dos Batistas. IBR, São Paulo, 1986.

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